Vice-Presidente Executiva HBO
True Detective, Boardwalk Empire, A Guerra dos Tronos, Young Pope, Os Sopranos, Girls... David Simon, Alan Ball, David Chase, Larry David, Lena Dunham, Paolo Sorrentino... Dramas realistas, thrillers elegantes, histórias brutais, comédias pós-modernas, ficções provocadoras... É difícil analisar o sucesso da nova televisão sem aparecer o nome da HBO.
A cadeia, com sede em Nova Iorque, é atualmente propriedade da Time Warner e foi pioneira na distribuição dos seus conteúdos em televisão por assinatura nos Estados Unidos. Desde então demonstrou ter um sentido especial para prever os gostos do público e coragem suficiente para se arriscar com ficções pouco convencionais comparativamente ao que se costumava ver na televisão. "Diferente e primeiro" foi o slogan com o qual se lançaram no mercado em 1972 e, mais de quarenta anos depois, ainda continuam a tentar manter-se na vanguarda de um terreno agressivo e imprevisível, especialmente desde a proliferação das novas telas (telefones e dispositivos móveis).
A luta para conquistar públicos cada vez mais fragmentados está a exigir investimentos milionários na criação e distribuição de conteúdos em plataformas de streaming. Nesse cenário em mudança, a Netflix instalou-se como a mais popular, a Amazon chegou como o gigante disposto a arrasar com tudo (um estudo da JP Morgan afirmava há meses que a empresa de Jeff Bezos planeava investir nada menos que 4,5 mil milhões de dólares na sua plataforma) e a HBO quer consolidar-se como a opção de qualidade, o lugar onde as ficções mais inovadoras e ambiciosas podem ser desenvolvidas.
Mas a batalha pelas audiências não se faz apenas através dos conteúdos. As novas tecnologias também desempenham um papel importante. E não apenas em termos de fiabilidade, atratividade e estabilidade das diferentes aplicações e suportes onde correm os fornecedores de conteúdos. A possibilidade de extrair dados sobre as preferências televisivas dos milhões de assinantes é inestimável. O caso da Netflix é talvez o mais paradigmático em termos de uso de dados para decidir que ficções oferecem. Eles vangloriam-se que os seus conteúdos não são elaborados por um grupo de dez pessoas sentadas à volta de uma mesa, mas que estão baseados nos hábitos e gostos de milhões de consumidores em todo o mundo. Embora a fórmula se tenha consolidado como um modelo de sucesso, contra ela levantam-se vozes dizendo que o que é mais popular não tem necessariamente de ser melhor e que essa forma de funcionar deixa pouco espaço para propostas mais arriscadas ou inovadoras.
A HBO, por outro lado, assume o seu bom olfato para detetar talentos e um compromisso com a qualidade. Assim o disse Diane Tryneski, vice-presidente executiva, durante a entrevista no Web Summit. Diane não crê que devam ser os dados dos assinantes a determinar o que a HBO produz ou não produz: "Eu acho que os grandes dados podem ajudar em certos aspetos, como o tempo de emissão, se há um espaço no qual as pessoas não estão a ver o que queriam ver. Mas em termos de processo criativo, acho que ainda é isso mesmo: um processo criativo". E essa criatividade está a ser escrita neste momento graças à tecnologia porque, como diz Tryneski, a conectividade e as novas formas narrativas (a HBO já anunciou há pouco mais de um ano que estava a investir em 3D e hologramas) é o que marcará a televisão do futuro.
Texto: José L. Álvarez Cedena
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