O homem mais conectado do mundo - Vodafone Future

O homem mais conectado do mundo

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Chris Dancy

Consulto Tecnológico


Todos temos um amigo (virtual) que partilha a sua vida nas redes sociais. Conhecemos as suas rotinas de exercícios, as suas delícias gastronómicas, as cidades que visita, as caretas que os seus filhos lhe fazem e até a cara que têm ao acordar antes do primeiro café.

Há os engraçados, imitadores de Paulo Coelho, os analistas políticos e os sósias do Ferrán Adriá. Vemos tudo com uma mistura de pudor e curiosidade mórbida. Imaginamos saber como é a sua vida através do que ele nos mostra. Isso é (aparentemente) muito. Ou talvez nada. São os sinais de uns tempos hiperligados e exibicionistas em que qualquer um pode abrir uma janela na sua casa e convidar o mundo todo para ver. Mas há quem leve essa conectividade muito mais longe. Chris Dancy não parece importar-se que qualquer um saiba o que está a fazer em cada momento da sua vida: "a privacidade é uma mera construção social. É ilusório pensar que temos controlo sobre a nossa vida. Para mim, destruir a minha privacidade foi a coisa mais importante que eu já construí". A sua paixão por medir absolutamente tudo e registar as suas atividades (mesmo aquelas que parecem insignificantes) não é nova. Começou quando o mundo era analógico. As fotografias, ementas de restaurantes ou cópias das cartas recebidas foram substituídas por gravações das suas consultas médicas, medições dos seus sinais vitais e geolocalizações das suas viagens. Pouco a pouco, Dancy tornou-se uma "wikipedia de si mesmo". E decidiu tirar partido desse tipo de autoconhecimento digital. Aos 47 anos este antigo consultor tecnológico autodenomina-se "o homem mais conectado do mundo" e tem argumentos para o fazer. Enumerar uma lista atualizada com todos os sensores, gadgets, aplicações e ferramentas tecnológicas que o rodeiam na sua vida diária é quase impossível, porque já terá certamente adicionado mais um no tempo que demora a ler estas linhas. A sua roupa habitual inclui um smartwatch, uma câmara que fotografa tudo à sua volta a cada dois segundos, um sensor que monitoriza a sua frequência cardíaca, uns Google Glass e uma pulseira inteligente que mede o seu estado físico. Claro que todos eles estão ligados para poder enviar dados que posteriormente analisará para modificar, se necessário, os seus comportamentos e rotinas. A sua casa também é um laboratório tecnológico: se levantar a sua voz durante uma conversa, as luzes ficam mais fracas; se passar demasiado tempo sentado ao computador, a música começa a tocar para o encorajar a mexer-se e um sensor na mesa-de-cabeceira regista a sua respiração, sons e movimentos enquanto dorme. Dancy diz que essa monitorização permitiu otimizar a sua vida, desde as calorias que consome ao seu bem-estar espiritual. Ouvir a descrição das análises e calendários que Dancy organiza à volta dos dados que recolhe das suas atividades poderá deixá-lo exausto, mas ele assegura que o seu exemplo mostra que o comportamento é a interface do futuro, que pode controlar o seu comportamento "suportado pela tecnologia e influenciado por sistemas, mas não controlado ou ditado por eles". Para o resto, teremos sempre o Instagram.

Texto: José L. Álvarez Cedena

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