Blippar, a app de realidade aumentada

Algumas das melhores (e piores) ideias nascem nos bares. Foi assim com a Blippar, a aplicação que recebeu o prémio para a melhor app de realidade aumentada no Mobile World Congress, em Barcelona. Os seus criadores, Ambarish Mitra e Omar Tayeb, tiveram essa inspiração quando pagavam uma rodada de cerveja num pub em Surrey, no sul de Londres. Hoje, é uma empresa com 300 colaboradores em várias cidades do mundo e que consegue angariar financiamentos superiores a cem milhões de euros para continuar a evoluir.

Mitra tem uma história pessoal digna de um argumento de filme: fugiu de casa aos 16 anos para viver e trabalhar num subúrbio de Nova Deli a vender jornais. A sua oportunidade para sair da miséria que o rodeava foi um concurso que oferecia 10.000 dólares à melhor ideia de negócios relacionada com as novas tecnologias. O jovem participou propondo uma solução para oferecer internet gratuita a mulheres com poucos recursos... e ganhou. A aventura (recriada em detalhe por Mitra em várias entrevistas) faz dele uma espécie de “slumdog millionaire” tecnológico, um título que tem sido usado pela imprensa sempre que a sua biografia bem-sucedida é destacada e que já levantou algumas suspeitas sobre a veracidade da mesma. Se é verdade ou não, pouco importa agora que Mitra se equipara com os grandes gurus da era digital em congressos, feiras e conferências. Afinal, nestes tempos de redes sociais, cada um é responsável ​​pelo seu marketing pessoal. E nisso, Mitra é um mestre.

A Blippar destaca-se no campo da realidade aumentada para criar, de acordo com Ambarish Mitra, "um enorme repositório de todo o conhecimento humano" através das fotografias que tiramos com os nossos smartphones. O seu funcionamento é simples: sempre que pedimos à app que nos diga algo sobre o que a nossa câmara está a focar, esta reconhece a imagem (objetos, pessoas ou lugares) e apresenta todos os resultados disponíveis na rede. Os seus criadores asseguram que basta apontar para o céu com a câmara para obter a previsão meteorológica. Para Mitra, "a realidade aumentada não é uma mera inovação incremental, mas sim um marco histórico. Será uma tecnologia transversal que estará em toda a parte" e que “dominará o século XXI”.

Texto: José L. Álvarez Cedena