Cofundador da ANYbotics
O ANYmal tem o aspeto de um cão robótico inofensivo. A forma como anda é engraçada e os seus gestos (se é que se pode aplicar esse termo a uma máquina com as suas características, já que não tenta imitar os comportamentos humanos) não são intimidantes.
Apesar disso, há quem o tenha considerado assustador e houve até uma página sobre tecnologia que o incluiu entre os robôs mais “aterrorizadores”. A culpa não foi dos criadores, a empresa suíça ANYbotics, centrada numa robótica útil, mas sim de um episódio da serie Black Mirror (concretamente, o quinto episódio da quarta temporada, cujo título é “Cabeça de Metal”) em que um grupo de engenhos robóticos semelhantes a cães dominam a espécie humana pela força e a deixam à beira da extinção. O lema da ANYbotic, por sua vez, é: “Permitimos que os robôs cheguem a qualquer lugar”. Talvez seja uma forma de manifestarem confiança numa tecnologia que não para de crescer e que deveria servir apenas para nos facilitar a vida. E é precisamente isso que se pretende com o ANYmal, um quadrúpede com capacidades impressionantes.
“Um robô comum tem rodas, o que é bastante bom” – assegura Peter Fankhauser, um dos cofundadores da empresa. “Tem inúmeras funções e bateria suficiente para operar durante horas. Porém, não pode ser usado à chuva nem em lugares com escadas. Por outro lado, os drones funcionam muito bem, trabalham de vários ângulos e proporcionam imagens incríveis. Contudo, a autonomia e a capacidade de carga são limitadas. O nosso robô é uma combinação de ambos. Desloca-se em qualquer tipo de terreno e, ao mesmo tempo, é capaz de transportar cargas significativas e a sua bateria tem bastante autonomia. Dura três horas e, como é autónomo, é capaz de regressar sozinho e recarregar-se numa estação.
A versatilidade do ANYmal faz dele o robô perfeito para uma grande variedade de tarefas industriais, em interior ou exterior, para trabalhos de distribuição, de resgate, trabalhos agrícolas, florestais ou até para entretenimento. As quatro patas permitem-lhe caminhar, correr, saltar, escalar ou... dançar. Embora a mobilidade seja, obviamente, um dos pontos fortes do robô, é o restante equipamento que lhe permite ser uma ferramenta tão poderosa. Graças aos seus vários sensores, câmaras e aplicações, o ANYmal é capaz de traçar mapas, detetar mudanças de temperatura ou variações sonoras, o que lhe permite aplicar diferentes soluções no espaço em que se encontra a trabalhar.
Embora, nesta fase, o ANYmal ainda seja uma versão beta, os seus criadores esperam comercializá-lo em breve. Para isso, estão concentrados em melhorar a sua robustez e algumas das suas competências.
Além disso, a ideia é que funcione com API aberta, que permita aos clientes programá-lo para que possam adaptar-se a distintos tipos de tarefas. Porém… que não se gere o pânico, porque ninguém tenciona criar um exército de assassinos dispostos a espalhar o caos pelo mundo.
Entrevista e edição: Maruxa Ruiz del Árbol, Noelia Núñez, David Giraldo
Texto: José L. Álvarez Cedena
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