As evidências arqueológicas relativas ao momento preciso em que os nossos antepassados começaram a cozinhar os alimentos não são conclusivas. Um estudo da Universidade de Harvard publicado há oito anos assegurava que o homo erectus já cozinhava há quase dois milhões de anos, mas alguns cientistas duvidam desta informação e situam mais tarde este passo tão importante para a nossa evolução (há cerca de uns 400 mil anos). O que sabemos, no entanto, é o que significou para a espécie: cozinhar fez aumentar o tamanho do nosso cérebro, permitiu-nos extrair mais energia dos alimentos, tornou-nos mais sociáveis, facilitou as migrações e fortaleceu o nosso sistema imunitário. Foi, sem dúvida, um passo gigantesco no caminho da evolução. É isso que demonstram os mais antigos vestígios de pão descobertos em 2018 na Jordânia datados da Idade da Pedra, há cerca de 14.400 anos. Os arqueólogos que fizeram a descoberta garantem que o pão (feito a partir de cereais selvagens, visto ser anterior ao nascimento da agricultura) seria utilizado para algum tipo de cerimónia religiosa.
Embora a um nível muito diferente, também há algo de cerimonial nas operações que antecedem a impressão de um bife vegetal. Aqui, a conjugação dos três termos já demonstra a peculiaridade do alimento a consumir. Porque um bife costuma vir de um animal e é extraído com uma faca, não sai de uma boquilha de impressora que lhe dá forma. O responsável por esta experiência, a qual também pretende tornar-se revolucionária, é Giuseppe Scionti, fundador da NovaMeat, uma empresa que se dedica à impressão de fibras vegetais (provenientes sobretudo de ervilhas ou de arroz) sob a forma de pequenos bifes para consumo humano. Que o modo como nos alimentamos deve ser mudado se quisermos preservar a saúde do nosso planeta é também já uma evidência que quase ninguém se atreve a discutir. E uma das formas em que se está a avançar para concretizar essa mudança de hábitos alimentares é a substituição de carne obtida com o sacrifício de animais por uma alternativa (seja vegetal ou produzido a partir de células-mãe) que seja mais sustentável. Depois, claro, virá o passo em que será possível que protótipos como os que Scionti já consegue imprimir tenham um sabor apelativo e sejam produzidos em grande escala.
Edição: Pedro García Campos | Douglas Belisario
Texto: José L. Álvarez Cedena
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